Mais textos do Louis

Para quem continua se indagando, meus comentários sobre cinema continuam a todo vapor no Louis Tells It Like It Is (clique no nome para ser redirecionado). Espero todos lá!

 

Categorias:Diversos

Auld Lang Syne

31 dezembro 2010 7 comentários

Não sei como encerrar o ano sem recorrer às mensagens piegas, mas suponho que seja inevitável. Antes de deixar 2010 para trás com as promessas e expectativas de um Ano Novo formidável, finalizo a lista dos melhores do ano com o quadro de “medalhas” (ouro para primeira colocação nas categorias, prata para segunda, bronze para a terceira). Os filmes mais premiados foram, nessa ordem:

A Fita Branca: 3 ouros, 1 prata, 2 bronzes
A Lenda dos Guardiões: 3 ouros
A Rede Social: 2 ouros, 3 pratas, 1 bronze
A Origem: 1 ouro, 4 pratas, 1 bronze
A Jovem Rainha Vitória: 1 ouro, 2 pratas
Como Treinar Seu Dragão: 1 ouro, 1 prata
Direito de Amar: 1 ouro, 1 prata
O Segredo dos seus olhos: 1 ouro, 1 prata
Preciosa – Uma História de Esperança: 1 ouro, 1 bronze
As Melhores Coisas do Mundo: 1 ouro
Brilho de Uma Paixão: 1 ouro
Mother – A Busca Pela Verdade: 1 ouro
O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus: 1 ouro
O Profeta: 1 ouro
Alice no País das Maravilhas: 1 prata, 1 bronze
Sherlock Holmes: 1 prata, 1 bronze
Minhas Mães e Meu Pai: 1 prata
Resident Evil 4 – Recomeço: 1 prata
Toy Story 3: 1 prata
Guerra ao Terror: 4 bronzes
Educação: 2 bronzes
Mary & Max – Uma Amizade Diferente: 1 bronze
O Mensageiro: 1 bronze
Onde Vivem os Monstros: 1 bronze
Shrek Para Sempre: 1 bronze
Um Homem Sério: 1 bronze

2010 foi um bom ano para o cinema (não só pelas estreias no Brasil, mas também por alguns filmes muito expressivos que ainda não entraram em cartaz). Também foi um ano excelente para mim em termos de crescimento pessoal. Poucas pessoas percebem, mas ter a vida profissional em ordem, uma boa relação com seus colegas, amizades que vicejam em toda parte, uma família que te apoia sempre – ainda que eu não a tenha por perto na frequência que gostaria -, um blog lindo (né?), e liberdade para fazer minhas próprias escolhas é, de fato, uma boa fase. Nem sempre reconheci os momentos felizes quando eles aconteciam. Antes, só me dava conta deles muito tempo depois, quando era tarde demais para degustar. Hoje, me permito apreciar a alegria de imediato e tenho até medo de me sentir tão vivo.

Em 2010, os acontecimentos positivos triunfaram em número e grau sobre aqueles que eu poderia ter evitado (e, mesmo os desagradáveis, percebo agora, foram necessários). Em 2011, quero levar as conquistas um degrau acima: chegou meu ano de concluir a faculdade, mergulhar de cabeça no TCC (notório por semear problemas e discórdia), pesar as próximas opções da minha carreira. Pretendo emendar uma pós no exterior – ou quem sabe um estágio, num desses programas fabulosos que te mandam pra Nova York e você é pago para ser feliz. Sei que, no rumo que estou agora, tudo o que eu almejar tem condições de dar certo, desde que eu me dedique de verdade.

Por isso, no começo do mês, tinha feito um post para notificar que o “Letters from Louis” encerraria o expediente no final de dezembro. Já estava difícil mantê-lo com a rotina atual, que dirá com o cronograma de 2011! Mas a paixão por cinema e séries de TV continua, é claro, assim como a necessidade de compartilhar minhas opiniões e ouvir a de vocês. Para isso, registrei o domínio “Louis Tells It Like It Is”, também no WordPress. Ali, vou publicar as resenhas de todos os filmes que assistir e tiver tempo de escrever (nas férias, serão vários; a partir do mês que vem, nem tantos). Não fica o compromisso de atualizar em base diária como neste aqui, mas vou fazer o possível para não deixar de lado. Qualquer atualização será notificada no meu Twitter, a quem ainda não me segue.

Talvez eu ainda use o “Letters” para minhas apostas nas premiações, ou para tecer algum comentário sobre um seriado. Ou, talvez, concentre tudo no blog novo. Ainda não sei exatamente como vai ser, mas acho que vai dar certo. Não vou aparecer por aqui nos próximos dias – para todos os efeitos, esse é o post de despedida -, mas espero por vocês na casa nova. Sou grato a esse espaço, que me possibilitou entrar em contato com tanta gente legal ao longo de um ano e nove meses, mais de 500 posts e cerca de 5000 comentários. Só que algumas coisas precisam acabar para outras começarem.

Em todo caso, aqui ficam meus votos de um próspero Ano Novo ao leitor.

Com amor,
Louis

Categorias:Cinema, Diversos

Melhores do ano: Parte 4

30 dezembro 2010 4 comentários

Como prometido, aí vão as dez grandes cenas de 2010 de acordo com o “Letters from Louis”:

.

10. Harry e Hermiona dançam em “Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1”

Cena de inesperada candura que se posiciona entre os momentos mais genuínos da saga.

.

9. Os créditos iniciais de “Zumbilândia”

Atestando o tom do filme desde os primeiros minutos, ao som de Metallica.

.

8. Nic canta Joni Mitchell durante um jantar em “Minhas Mães e Meu Pai”

Um show de Annette Bening em cena crucial dessa comédia dramática.

.

7. Mark Zuckerberg responde ao advogado em “A Rede Social”

Jesse Eisenberg dispara o texto de Aaron Sorkin com a ferocidade de um grande ator.

.

6. Nascimento toma controle da operação em “Tropa de Elite 2”

A cena que arrancou aplausos espontâneos em todo o Brasil.

.

5. A luta no hotel em “A Origem”

Sequência de luta enquanto a gravidade oscila. A desenvoltura de Joseph Gordon-Levitt, que dispensou dublês em todas as manobras, e a trilha grandiosa de Hans Zimmer ajudam a criar o efeito.

.

4. Soluço leva Astrid para um vôo em “Como Treinar Seu Dragão”

Beleza simples e pura. Não deve em nada para o vôo mais famoso da animação, o passeio de tapete de Aladdin e Jasmine.

.

3. Mary justifica seus atos em “Preciosa – Uma História de Esperança”

Mo’Nique, em atuação assombrosa, testemunha sobre os abusos físicos e sexuais que a filha sofreu sob o seu teto.

.

2. Andy se despede dos brinquedos “Toy Story 3”

O desfecho emotivo, inevitável e perfeito para a trilogia.

.

1. Perseguição no estádio em “O Segredo dos Seus Olhos”

Um plano-sequência sem cortes aparentes, concebido por uma equipe em pleno domínio da técnica. De cair o queixo!

.

Não deu para encaixar, mas merecem menções honrosas: Colin Firth recebendo a notícia da morte do parceiro em “Direito de Amar”; a passagem do bilhete em “Escritor Fantasma”; a explosão em câmera lenta em “Guerra ao Terror”; o breve encontro de Michael Douglas e Charlie Sheen em “Wall Street 2”; o final de “Um Homem Sério”. E o que mais?

Categorias:Cinema, Top 10

Melhores do ano: Parte 3

29 dezembro 2010 3 comentários

Chegamos aos top 10 filmes de 2010, com breves comentários sobre os escolhidos. Vamos lá:

.

10. Scott Pilgrim contra o Mundo

Uma verdadeira sinestesia. Saturado de elementos, o filme tem um pouco da HQ honônima que serviu de inspiração, um tanto dos videoclipes, mais ainda dos videogames, um bocado dos mangás e uma pitada da linguagem televisiva. O diretor Edgar Wright conseguiu condensar com sucesso o que seriam artifícios dispersos e conflitantes, criando uma identidade unificada para o longa e estabelecendo uma lógica interna coerente para uma história que flerta com o absurdo.

.

9. As Melhores Coisas do Mundo

Com o tempo, só aumentou minha admiração por esse autêntico retrato da juventude, que resultou no melhor trabalho de Laís Bodanzky. “Tropa de Elite 2” merece uma menção honrosa: foi o filme certo na hora certa e estabeleceu uma conexão absurda com o público. Mas, como só havia espaço para um filme nacional e sem opções de limar nenhum dos outros nove finalistas, a vaga para “As Melhores Coisas do Mundo”, que merecia muito mais reconhecimento do que veio a receber, é nada menos que justa.

 .

8. Mary & Max: Uma Amizade Diferente

Excelente e tocante animação australiana, dublada à perfeição por um time de feras. Ainda que o diretor, roteirista e designer Adam Elliot já tenha um Oscar no currículo (de Melhor Curta Animado, por “Harvie Krumpet”, que dizem ser muito similar a este aqui), nada me preparava para o alcance do enredo e as particularidades de sua realização. Certamente diferente, curioso, talentoso e memorável, o filme é daqueles que encanta, que fica conosco, que dá vontade de recomendar para todo mundo e de rever mesmo após tendo acabado de assistí-lo.

7. O Segredo dos Seus Olhos

Filme belo, honrado e totalmente merecedor do Oscar de Produção Estrangeira (por mais difícil que seja para um brasileiro elogiar um produto argentino). Em geral, “O Segredo dos Seus Olhos” é excelente como thriller e ainda melhor quando ganha contornos mais intimistas – ou seja, sempre que se apóia nas lembranças (nem sempre exatas) e nos ressentimentos do protagonista, que sofisma sobre um grande amor que deixou escapar.

6. Kick-Ass: Quebrando Tudo

Se não é a melhor adaptação de super-herói já feita, ao menos é a mais diferente e original, tirando sarro das convenções das HQ’s e ousando como poucos filmes americanos recentes (como exemplo, a personagem Hit Girl, uma garotinha que fala palavrão e mata traficantes à tiros e facadas, seria inconcebível numa fita menos corajosa). Engraçado, descolado e delicioso.

.

5. Toy Story 3

Um desfecho honorável para uma das melhores trilogias que o cinema já viu. Essa terceira parte é especialmente nostálgica para quem viu os primeiros filmes em sua época de pré-escola, e que agora reencontra os personagens – brinquedos que ganham vida quando não estão na presença de humanos – numa fase em que se identifica com as dores do crescimento. Além da conexão emocional, o filme é tecnicamente primoroso, no padrão de profissionalismo da Pixar.

.

4. A Rede Social

Direção competente, roteiro ferino, atuações que transcendem o limite da ficção, e um tema tão atual e necessário que, além de servir a um primoroso desenvolvimento dos personagens, abrange questões universais. Na essência, este é um filme sobre um grupo de pessoas que, por uma união de brilhantismo e oportunidade, lideraram uma das inovações que redefiniram o mundo e se inebriaram com aquilo que conquistaram. Com méritos, o grande favorito ao próximo Oscar.

.

3. A Fita Branca

Um triunfo técnico que fala ao público por muito além de seus méritos cinematográficos, “A Fita Branca” me causou uma impressão fortíssima quando o assisti pela primeira vez na Mostra de São Paulo de 2009. Após uma revisão, o filme não só se confirmou, como cresceu em todos os aspectos. Na trama, o austríaco Michael Haneke contempla uma aldeia alemã num período crucial da História do país: os anos que antecederam às Guerras Mundiais, nas quais os personagens desempenhariam função importante. É o registro de um certo modelo de vida que, quando incentivado, pode ter consequências catastróficas – e é também um olhar acusatório que fará com que muitos de nós vistamos a carapuça.

.

2. Como Treinar Seu Dragão

“Como Treinar Seu Dragão” é a melhor animação já realizada pela DreamWorks, totalmente desprovida dos vícios que costumam banalizar os desenhos do estúdio (que, em geral, se apoiam num humor paródico e datado, emprestado de reality shows e fofocas de celebridade). Este, ao contrário, é uma belíssima adaptação de um livro infantil, modelada para agradar a todos os públicos. É a história de um viking franzino que faz amizade com um dragão, contrariando a tradição da sua aldeia de abater as criaturas (o roteiro, porém, não ameniza os riscos dessa relação, ignorando a rede de proteção que costuma amparar os personagens infantis e se permitindo opções corajosas). O plot prosaico e derivativo não antecipava o frescor e desvelo com que os temas propostos seriam desenvolvidos. Favorecido ainda pelo visual estonteante e por uma fabulosa trilha sonora, “Como Treinar Seu Dragão” é o mais próximo que a DreamWorks chegou do nível de qualidade Pixar – e, dessa vez, a deixou para trás.

.

1. A Origem

Do primeiro ao último plano, a ficção científica “A Origem” exige da plateia atenção e comprometimento para que não se confundam as indas e vindas da trama, todas calcadas e justificadas na lógica interna do filme. O diretor Christopher Nolan casa a habilidade de orquestrar e coreografar cenas de ação (que exercitara nos dois “Batman”) com o jogo psicológico de seus projetos mais intrigantes (“Amnésia” e “O Grande Truque”). Basicamente, vai um degrau acima de onde tinha ido antes e consolida a reputação de ser um cineasta que fala ao grande público sem subestimar sua inteligência. Fechou 2010 como o filme que eu vi mais vezes no cinema em toda a vida: dez sessões contadas. Em todas as quais, a impressão de que estava diante de uma obra-prima se confirmou.

.

É isso! Logo mais, as grandes cenas do ano e o placar final de “medalhas”.

Categorias:Cinema, Top 10

Melhores do ano: Parte 2

28 dezembro 2010 5 comentários

Segunda parte da lista dos melhores do ano no cinema, elaborada com os mesmos critérios: filmes que estrearam no Brasil entre janeiro e dezembro de 2010, independente do ano de produção e nacionalidade. E os melhores, em ordem decrescente, são:

.

Melhor Direção

1. Michael Haneke, A FITA BRANCA
2. David Fincher, A REDE SOCIAL
3. Christopher Nolan, A ORIGEM
4. Juan José Campanella, O SEGREDO DOS SEUS OLHOS
5. Kathryn Bigelow, GUERRA AO TERROR

Menções honrosas: Chan-wook Park, SEDE DE SANGUE / Werner Herzog, VÍCIO FRENÉTICO / Dean DeBlois e Chris Sanders, COMO TREINAR SEU DRAGÃO / Martin Scorsese, ILHA DO MEDO / Laís Bodanzky, AS MELHORES COISAS DO MUNDO

.

Melhor Ator

1. Colin Firth, DIREITO DE AMAR
2. Jesse Eisenberg, A REDE SOCIAL
3. Jeremy Renner, GUERRA AO TERROR
4. Tahar Rahim, O PROFETA
5. Max Records, ONDE VIVEM OS MONSTROS

Menções honrosas: Nicolas Cage, VÍCIO FRENÉTICO / Jeff Bridges, CORAÇÃO LOUCO / Michael Stuhlbarg, UM HOMEM SÉRIO / Wagner Moura, TROPA DE ELITE 2 / Xavier Dolan, EU MATEI MINHA MÃE

.

Melhor Atriz

1. Hye-ja Kim, MOTHER: A BUSCA PELA VERDADE
2. Annette Bening, MINHAS MÃES E MEU PAI
3. Carey Mulligan, EDUCAÇÃO
4. Ok-bin Kim, SEDE DE SANGUE
5. Julianne Moore, MINHAS MÃES E MEU PAI

Menções honrosas: Anne Dorval, EU MATEI MINHA MÃE / Gabourey Sidibe, PRECIOSA: UMA HISTÓRIA DE ESPERANÇA / Marion Cotillard, NINE / Abbie Cornish, BRILHO DE UMA PAIXÃO / Emily Blunt, A JOVEM RAINHA VITÓRIA

.

Melhor Ator Coadjuvante

1. Niels Arestrup, O PROFETA
2. Andrew Garfield, A REDE SOCIAL
3. Burghart Klaussner, A FITA BRANCA
4. Guillermo Francella, O SEGREDO DOS SEUS OLHOS
5. Sandro Rocha, TROPA DE ELITE 2

Menções honrosas: Armie Hammer, A REDE SOCIAL / Woody Harrelson, ZUMBILÂNDIA / Michael Douglas, WALL STREET: O DINHEIRO NUNCA DORME / James Gandolfini, ONDE VIVEM OS MONSTROS / Fiuk, AS MELHORES COISAS DO MUNDO

.

Melhor Atriz Coadjuvante

1. Mo’Nique, PRECIOSA: UMA HISTÓRIA DE ESPERANÇA
2. Julianne Moore, DIREITO DE AMAR
3. Samantha Morton, O MENSAGEIRO
4. Vera Farmiga, AMOR SEM ESCALAS
5. Rosamund Pike, EDUCAÇÃO

Menções honrosas: Marion Cotillard, A ORIGEM / Oliva Wilde, ESCRITOR FANTASMA / Cristiane Torloni, CHICO XAVIER / Chloe Grace Moretz, KICK-ASS / Denise Fraga, AS MELHORES COISAS DO MUNDO

.

Melhor Roteiro Adaptado

1. Aaron Sorkin, A REDE SOCIAL
2. Eduardo Sacheri e Juan José Campanella, O SEGREDO DOS SEUS OLHOS
3. Nick Hornby, EDUCAÇÃO
4. Bráulio Mantovani e José Padilha, TROPA DE ELITE 2
5. William Davies, Dean DeBlois e Chris Sanders, COMO TREINAR SEU DRAGÃO

Menções honrosas: Laurent Tirard  e Grégoire Vigneron, O PEQUENO NICOLAU  / Michael Arndt, TOY STORY 3 / Jane Goldman e Matthew Vaughn, KICK-ASS /Tom Ford  e David Scearce, DIREITO DE AMAR / Allan Loeb e Stephen Schiff, WALL STREET: O DINHEIRO NUNCA DORME

.

Melhor Roteiro Original

1. Michael Haneke, A FITA BRANCA
2. Christoper Nolan, A ORIGEM
3. Adam Elliot, MARY & MAX: UMA AMIZADE DIFERENTE
4. Xavier Dolan, EU MATEI MINHA MÃE
5. Luiz Bolognesi, AS MELHORES COISAS DO MUNDO

Menções honrosas: Lisa Chodolenko e Stuart  Blumber, MINHAS MÃES E MEU PAI / Joel Coen e Ethan Coen, UM HOMEM SÉRIO / Mark Boal, GUERRA AO TERROR / Rhett Reese e Paul Wernick, ZUMBILÂNDIA / Chris Sparling, ENTERRADO VIVO

.

Nos próximos posts: top 10 melhores filmes do ano e as grandes cenas de 2010!

Categorias:Cinema

Melhores do ano: Parte 1

27 dezembro 2010 2 comentários

Chegou a hora de eleger as melhores estreias nos cinemas brasileiros em 2010, em todas as categorias tradicionais. Para a lista, foram considerados os filmes que chegaram aos nossos cinemas entre janeiro e dezembro de 2010, independente do ano de produção e da nacionalidade. Cada categoria tem dez finalistas, enumerados em ordem decrescente. A primeira parte é a seguinte:

.

Melhor Montagem

1. Kirk Baxter e Angus Wall, A REDE SOCIAL

2. Lee Smith, A ORIGEM

3. Bob Murawski e Chris Innis, GUERRA AO TERROR

4. Jonathan Amos e Paul Machliss, SCOTT PILGRIM CONTRA O MUNDO  

5. Juan José Campanella, O SEGREDO DOS SEUS OLHOS

Menções honrosas: Dana E. Glauberman, AMOR SEM ESCALAS / Daniel Rezende, TROPA DE ELITE 2 / Eddie Hamilton, Jon Harris e Pietro Scalia, KICK-ASS / Jae-beom Kim e Sang-bum Kim, SEDE DE SANGUE / Thelma Schoonmaker, ILHA DO MEDO 

Melhor Fotografia

1. Christian Berger, A FITA BRANCA

2. Wally Pfister, A ORIGEM

3. Barry Ackroyd, GUERRA AO TERROR

4. Jeff Cronenweth, A REDE SOCIAL

5. Gerald Thompson, MARY & MAX: UMA AMIZADE DIFERENTE

Menções honrosas: Javier Aguirresarobe, A ESTRADA / Eduardo Serra, HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE: PARTE 1 / Dariusz Wolski, ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS / Bill Pope, SCOTT PILGRIM CONTRA O MUNDO / Roger Deakins, UM HOMEM SÉRIO

.

Melhor Figurino

1. Janet Patterson, BRILHO DE UMA PAIXÃO

2. Sandy Powell, A JOVEM RAINHA VITÓRIA

3. Jenny Beavan, SHERLOCK HOLMES

4. Monique Prudhomme, O MUNDO IMAGINÁRIO DO DR. PARNASSUS

5. Colleen Atwood, ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS

Menções honrosas: Arianne Phillips, DIREITO DE AMAR / Odile Dicks-Mireaux, EDUCAÇÃO / Mary Zophres, UM HOMEM SÉRIO / Pierre-Jean Larroque, O PEQUENO NICOLAU / Laura Jean Shannon, SCOTT PILGRIM CONTRA O MUNDO

 .

Melhor Direção de Arte

1. O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus

2. Sherlock Holmes

3. Um Homem Sério

4. Alice no País das Maravilhas

5. Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 1

Menções honrosas: A Origem / A Fita Branca / Escritor Fantasma / Tron: O Legado / Onde Vivem os Monstros

Melhor Maquiagem

1. A Jovem Rainha Vitória

2. Alice no País das Maravilhas

3. A Estrada

4. O Lobisomem

5. Sede de Sangue

Menções honrosas: O Segredo dos Seus Olhos / Homem de Ferro 2 / O Profeta / Tropa de Elite 2 / As Crônicas de Nárnia: A Viagem do Peregrino da Alvorada

Melhores Efeitos Visuais

1. A Lenda dos Guardiões

2. A Origem

3. Alice no País das Maravilhas

4. Scott Pilgrim contra o Mundo

5. Homem de Ferro 2

Menções honrosas: Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 1 / Além da Vida / A Rede Social / As Crônicas de Nárnia: A Viagem do Peregrino da Alvorada /  Sherlock Holmes

.

Melhor Som

1. A Lenda dos Guardiões

2. Resident Evil 4: Recomeço

3. Guerra ao Terror

4. A Origem

5. Toy Story 3

Menções honrosas: Como Treinar Seu Dragão / Tron: O Legado / Homem de Ferro 2 / Scott Pilgrim contra o Mundo / Zona Verde

 .

Melhor Trilha Sonora

1. John Powell, COMO TREINAR SEU DRAGÃO

2. Hans Zimmer, A ORIGEM

3. Carter Burwelle e Karen Orzolek, ONDE VIVEM OS MON0STROS

4. Abel Korzeniowski, DIREITO DE AMAR

5. Trent Reznor e Atticus Ross, A REDE SOCIAL 

Menções honrosas: Hans Zimmer, SHERLOCK HOLMES / Randy Newman, TOY STORY 3 / Alexandre Desplat, ESCRITOR FANTASMA / Marco Beltrami e Buck Sanders, GUERRA AO TERROR / Danny Elfman, ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS

 

Melhor Canção

1. A LENDA DOS GUARDIÕES – “To the Sky”

2. A JOVEM RAINHA VITÓRIA – “Only You”

3. SHREK PARA SEMPRE – “Darling, I Do”

4. COMO TREINAR SEU DRAGÃO – “Sticks & Stones”

5. TOY STORY 3 – “We Belong Together”

Menções honrosas: KICK-ASS – “We Are Young” / EDUCAÇÃO – “You’ve Got Me Wrapped Around Your Little Finger” / CORAÇÃO LOUCO – “The Weary Kind” / ONDE VIVEM OS MONSTROS – “All Is Love” / COMER, REZAR, AMAR – “Better Days”

.

Melhor Elenco

1. As Melhores Coisas do Mundo (Caio Blat, Denise Fraga, Fiuk, Francisco Miguez, Gabriela Rocha, José Carlos Machado)

2. A Fita Branca (Christian Friedel, Ernst Jacobi, Leonie Benesch, Ulrich Tukur, Ursina Lardi, Fion Mutert, Michael Kranz, Burghart Klaussner, Steffi Kühnert, Maria-Victoria Dragus, Leonard Proxauf, Levin Henning, Johanna Busse, Thibault Sérié, Josef Bierbichler, Gabriela Maria Schmeide)

3. A Rede Social (Denise Grayson, Armie Hammer, Brenda Song, Max Minghella, Dakota Johnson, Josh Pence, Joseph Mazzello, John Getz, Rooney Mara, Rashida Jones, Justin Timberlake, Andrew Garfield, Jesse Eisenberg)

4. A Origem (Cillian Murphy, Dileep Rao, Ellen Page, Joseph Gordon-Levitt, Ken Watanabe, Leonardo DiCaprio, Marion Cotillard, Michael Caine, Tom Berenger, Tom Hardy)

5. O Pequeno Nicolau (Maxime Godart, Valérie Lemercier, Kad Merad, Vincent Claude, Charles Vaillant, Victor Carles, Benjamin Averty, Germain Petit Damico, Damien Ferdel, Virgile Tirard, Elisa Heusch)

Menções honrosas: Minhas Mães e Meu Pai / Tropa de Elite 2 / Ilha do Medo / Mary & Max: Uma Amizade Diferente / Zumbilândia

.

Por hoje, é só! Aguardem pelos demais finalistas nos próximos dias.

Categorias:Cinema

Get Low: Robert Duvall é homem das antigas

Em algum ponto do Tenessee, há um século e tanto de distância, um senhor, recluso em suas terras, vivendo num regime de subsistência e em completo insulamento físico e emocional pelos últimos quarenta anos, acabou se transformando numa espécie de lenda urbana na região. Os feitos escabrosos que guardava no passado eram mote de anedotas e conversas entre os moradores, a tal ponto que ninguém mais sabia precisar aonde terminavam os fatos e começavam as especulações. Para todos os efeitos, o velho Felix Bush era um sujeito a se evitar: um octogenário taciturno, de cabelos e barbas selvagens como capim, capaz de nocautear homens no auge do preparo físico e de receber, com rifle em punho, os que se aventurassem a transpassar sua propriedade (em geral, garotos tentando atestar a coragem para os coleguinhas).

Eis que, certo dia, Bush resolve encomendar seu enterro. Até aí, nada de mais: a morte é inevitável, e sendo tão absorto em si mesmo, não teria parentes, amigos ou conhecidos que cuidassem disso por ele quando a hora chegasse. Mas a intenção de Bush, como deixa claro para o dono da funerária e seu assistente, é fazer do funeral uma celebração – e enquanto ele ainda está vivo! Ele pretende organizar um grande evento, para que compareçam todos os que um dia já ouviram falar nele. Na ocasião, promete saciar a curiosidade de todos: vai expiar os pecados em público e delinear o que há de real e de inventado nos boatos a seu respeito. A ironia clara é que, durante os preparativos para o funeral, Bush esboça, pela primeira vez no que parece uma eternidade, sinais de vida – e mesmo que o espectador de “Get Low” o conheça quando já está prestes a irromper do casulo, não custa a perceber que um tempo inefável se passou desde que o velhinho se permitiu um último sorriso.

De fato, quando Felix tem sua primeira reação positiva, os músculos da face de Robert Duvall, que o interpreta com a competência que nem sempre tem a chance de demonstrar, parecem ranger de tão enrijecidos. Mas, nesse caso, a boa atuação e a premissa incomum – um homem em busca de redenção que tenta literalmente reescrever o próprio epitáfio – não basta para que o filme se sustente como um programa interessante. O roteiro é superficial nas implicações de vida e morte que poderia propor, e a decisão de revelar, pouco a pouco, porquê o protagonista se penitencia com tamanha severidade apenas dilui o impacto do que será esclarecido no final. Essa opção também induz a platéia a formular suas hipóteses com base nas peças do quebra cabeça que vão se somando – mas não se trata de um mistério, e sim de um drama de personagem. Logo, o desenvolvimento do que realmente interessa fica comprometido, e tem-se a impressão de que as partes de Felix não o constituem como um todo.

O resultado também é um tanto afetado pela escalação de Bill Murray como o agente funerário: considerando que o personagem balanceia o enredo com leveza e profere uma sucessão de tiradas cômicas, era de se esperar que ele cumprisse as exigências. Murray, porém, tem uma persona forte que não consegue camuflar, e soa deslocado – além de excessivamente contemporâneo – num filme de época, por melhor trajado que esteja com os figurinos (lindos, aliás). Perto do notável estudo sobre a solidão e o contraste entre o ontem e o agora que poderia ter sido, “Get Low” surge como um desperdício de boas ideias num longa apenas razoável e certamente imemorável.

.:. Get Low (Idem, 2010, dirigido por Aaron Schneider). Cotação: C-

Categorias:Cinema

Top 10: Piores do ano

25 dezembro 2010 12 comentários

Antes da lista dos melhores do cinema em 2010, há de haver, também, a dos piores filmes que chegaram ao Brasil nesse ano de acordo com o “Letters from Louis”. Eis os “vencedores”:

.

10. O Príncipe da Pérsia

Surgiu com a intenção de se tornar uma franquia tão poderosa para Disney e Jerry Bruckheimer quanto foi (e é) “Piratas do Caribe”. Mas Jake Gyllanhaal não é nenhum Johnny Depp, e a fita em si é bagunçada e mal estruturada, longa demais para o que se propõe, abarrotada de personagens imbecis e previsível do primeiro ao último frame.

.

9. Um Olhar do Paraíso

Peter Jackson dá seu primeiro passo em falso. Tenta adaptar para as telas um livro pesado e díficil, mas ameniza tanto o enredo que tira todo o propósito da ação. O preço por essa infelicidade é um filme frio, sem clima e sem tensão, onde todas as tentativas de emocionar não se concretizam. Ao se voltar para o assassinato e pós-vida de uma garotinha, resulta fraco ao explorar o luto do núcleo familiar, insatisfatório na investigação policial, e nulo quando se volta para o plano espiritual.

.

8. Idas e Vindas do Amor

Com altíssimo número de estrelas por metro quadrado, essa comédia romântica ambientada no Dia dos Namorados americano foi bem de bilheteria, mas nem por isso é digna de nota. Seguindo o esquema de personagens múltuplos, cínicos e apaixonados têm espaço no filme, mas são todos retratados da maneira mais preguiçosa que se possa imaginar. Fica faltando, também, um beijo gay entre o casal bafo Eric Dane e Bradley Cooper.

.

7. O Caçador de Recompensas

Um tiro no pé de Jennifer Aniston, que não é uma má atriz, e foi se unir com o canastrão Gerard Butler, que não é bom em nada. Nessa comédia romântica fútil e sem-graça, os dois formam um casal divorciado que redescobre o amor frente a uma espiral de confusões. Que Jennifer não tarde a perceber que está se desperdiçando em projetos babacas e dê uma guinada na carreira outrora promissora.

.

6. Vírus

No ano em que os zumbis voltaram à moda, “Vírus” veio para lembrar que nem tudo que tem a ver com mortos-vivos é garantia de sucesso. Trata-se de um filme insípido, sem densidade ou intensidade e incapaz de definir a história que está contando. Evitem a todo custo.

.

5. O Lobisomem

Uma fita lúgubre, escura, ultrapassada e insuportável protagonizada por Benício Del Toro. Quando acerta, ele é o melhor ator do mundo; quando erra, é um preguiçoso de aspecto macilento e embriagado (as olheiras salientes também não contribuem para sua imagem). A maquiagem que o transforma em lobo é deficiente, os efeitos beiram o amadorismo e até a reconstituição de época é nada mais que neutra. O resultado é decepcionante para os que esperavam grande coisa e banal para os que sempre tiveram um pé atrás.

.

4. Alvin e os Esquilos 2

Dá para encarar como um programa familiar inofensivo, mas numa análise mais racional, não tem como ignorar o fato de “Alvin e os Esquilo 2” ser um filme muito, muito ruim. Segue exatamente as mesmas fórmulas do primeiro (aliás, parece estar contando a mesma história), inclusive regravando sucessos descartáveis da música pop nas vozes de taquara dos esquilos-cantores. Quem rangeu os dentes no anterior pode se poupar o constrangimento dessa vez.

.

3. Sex and the City 2

O pior filme americano de 2010. A continuação surgiu atrelada à boa bilheteria do primeiro filme e sem qualquer propósito além de converter a franquia em mais dinheiro para o estúdio. Afinal, não há para onde levar a trama e algo mais a ser dito sobre as personagens, que se transformam por completo nas caricaturas que a série de TV impedira que se tornassem. Curioso, também, que “Sex and the City 2” tem quase nada de sexo e de cidade. Que horror.

.

2. High School Musical – O Desafio

A Disney precisa perder o hábito de refazer suas franquias de sucesso em países estrangeiros, com elenco e produção local. Já tinham errado ao refilmar a série “Desperate Housewives” na Argentina, primeiro em castelhano e depois em português, com atores brasileiros deslocados nos papeis. Agora inventaram de adaptar “High School Musical” para a nossa realidade, ambientando a trama no Rio de Janeiro e escalando jovens revelados por um programa de TV. O resultado, obviamente, é uma ficção caramelizada e puerill, para não dizer ridícula.

.

1. Amor Por Acaso

Mesclar num mesmo filme o profissionalismo do cinema americano e a verve indissolúvel dos brasileiros é, em teoria, um raciocínio válido. Na prática, nem tanto. É o que prova a comédia romântica “Amor Por Acaso”, co-produção entre Brasil e Estados Unidos dirigida por Márcio Garcia e protagonizado por Juliana Paes. Essa miscigenação só herdou das comédias ianques o que há de mais batido e ultrapassado, e do cinema brasileiro, a canastrice que frequentemente o assola. Uma tortura!

.

Pelo segundo ano consecutivo, os primeiros colocados da lista dos piores vêm do Brasil (em 2009, elegi “Do Começo ao Fim” e “Salve Geral”). Até quando, eu pergunto?

*

Feliz Natal, querido leitor!

Categorias:Cinema, Top 10

Reverência ao clássico

24 dezembro 2010 7 comentários

Da ilustre coleção de suspenses que compõe a carreira de Alfred Hitchcock, costuma-se destacar, em número e grau, “Janela Indiscreta”, “Um Corpo Que Cai” e “Psicose”, uma trinca de filmes brilhantes que conseguiram preservar suas qualidades intactas ao longo das décadas. Mas, talvez, um quarto exemplar possa ser adicionado a essa seleção, tanto pela atemporalidade como pelos enquadramentos magistrais, que só mesmo um cineasta em pleno domínio da técnica seria capaz de conceber. Refiro-me a “Festim Diabólico”, que Hitchcock rodou em 1948, tendo como base uma peça teatral honônima.

O filme não nega a origem no proscênio: a duração não extrapola os 80 minutos, todos os quais dados em tempo real e num único cenário – a sala de um apartamento -, e os atores desempenham seus papeis com interferências mínimas. Há cerca de dez cortes na metragem, alguns deles ocultos. Em planos-sequência que variam de quatro a dez minutos, a câmera passeia pelo set, se esquivando milagrosamente de objetos decorativos, e capta sempre com precisão as ações e reações dos personagens que interessam para o roteiro. Planos assim, de elaboração complicadíssima, costumam servir apenas como um adereço estético ou sinal de exibicionismo dos diretores. É raro acontecer como aqui: as longas tomadas são imprescindíveis para que a continuidade da narrativa não seja comprometida, e as idas e vindas da câmera traduzem, com particularidade, o estado de espírito dos personagens, que nem sempre parecem andar em terreno firme. Além disso, ajuda a manter o foco num certo baú que esconde muito mais do que sugere.

Na trama, dois homens esclarecidos e graduados cometem um assassinato simplesmente pelo prazer de perpetrar o crime perfeito. A experiência, encarada por ambos como um desafio intelectual, deixa como vítima um ex-colega de faculdade, a quem sufocam com uma corda até a morte logo na cena inicial. Mas, matá-lo apenas pelo ato de matar, para logo em seguida desaparecer com o corpo, não consistiria na excitação que eles – ou um deles – procuram. Brandon, o mais arguto dos rapazes, oferece um jantar no seu apartamento minutos após o crime, para o qual são convidados os familiares, a namorada e o melhor amigo do falecido. Durante toda a festa, ninguém parece desconfiar que, dentro da arca ao centro da sala, está o defunto de alguém tão próximo – mas o público conhece a verdade, e testemunha com tensão crescente o apanhado jogo cênico que se desenrola.

Apenas um personagem começa a acompanhar o raciocínio do espectador: um professor da época da universidade, que é convidado à ocasião justamente para aderir um pouco de vinagre à salada. Brandon, em sua mentalidade distorcida, se inspira nesse professor – foi dele que extraiu os conceitos deturpados com os quais justifica o crime hediondo –, e saboreia as possibilidades do mestre vir a descobrir todo o esquema. Mais que isso, espera ser parabenizado pelo feito (em contrapartida, o cúmplice Phillip, cuja sociopatia é menos acentuada, está sucumbindo à pressão e vencendo os passos que faltam para perder o controle). No papel do professor está James Stewart, por anos o ator mais confiável de Hollywood. Se é fato que Hitchcock não era o diretor mais solícito e afável para com o elenco – é famosa a sua declaração de que “atores devem ser tratados como gado” –, ao menos é indiscutível que ele e Stewart mantinham uma relação de mútuo respeito e, no cunho profissional, de fertilização criativa (ele também protagonizou “Janela Indiscreta” e “Um Corpo Que Cai”, que emplacam entre suas melhores performances).

Mas, é mesmo por trabalhar com um tema que conhece e domina que Hitchcock chega ao resultado extraordinário. Em sua obra, está presente, com maior ou menor sutileza, a constatação de que o cidadão comum é, por natureza, imprevisível em suas ações – o que, contextualizado na explosiva sociedade americana, na qual o crime e a celebridade sempre andaram lado a lado, é receita certa para o desastre. Que o diga “Festim Diabólico”: a trama foi livremente inspirada no caso real de Nathan Leopold e Richard Loeb, dois estudantes superdotados da Universidade de Chicago que assassinaram e incineraram um adolescente em 1924, com motivações idênticas às dos personagens do filme. Uma tragédia à modo americano que, como dita a própria cultura, foi transformada em entretenimento de primeira e, nas mãos de Hitchcock, em pura arte.

.:. Festim Diabólico (Rope, 1948, dirigido por Alfred Hitchcock). Cotação: A+

Categorias:Cinema

Séries 2010

23 dezembro 2010 7 comentários

Dando início ao balanço de melhores e piores de 2010, aqui vai uma lista do que se destacou, por suas qualidades ou defeitos, dentre as séries de TV:

– O mundo inteiro parece ter comentado o final de “Lost”, que, depois de seis anos de mistérios acumulados, foi encarado como um verdadeiro evento. Mas trama a apelou para uma resolução mística e deixou muitos fãs fervorosos indignados!

– Apesar de não acompanhar “24 Horas”, o encerramento da série também deu o que falar.

– “Mad Men” permanece o melhor drama em exibição, e Jon Hamm e Elisabeth Moss, o melhor ator e atriz em qualquer programa.

– “Breaking Bad” cresceu horrores e apresentou episódios épicos na terceira temporada. Bryan Cranston e Aaron Paul continuam arrasando.

– “The Walking Dead” trouxe os zumbis para a TV, mas não correspondeu ao hype.

– “True Blood” se perdeu em subtramas ridículas.

– Muito amor para as sister-wives de “Big Love”, mas a série em si foi terrivelmente irregular na quarta temporada.

– “Dexter” foi constrangedor e covarde.

– A chatinha “The Big C” só vale a pena pela encantadora Laura Linney.

– “United States of Tara” deu um salto criativo na segunda temporada, e a composição de Toni Collette se tornou ainda mais admirável.

– “Weeds” teve altos e baixos, mas se redimiu com o ótimo final de temporada. Mary-Louise Parker em grande forma.

– “Community” conquistou o posto de melhor comédia no ar com a combinação de sátira e desenvolvimento de personagem. Episódios como o da guerra de paintball e aquele em stop-motion nasceram clássicos.

– “Family Guy” e “30 Rock”, outrora as comédias mais geniais da TV, atingiram a mediocridade na maioria dos episódios.

– “The Good Wife” elevou a barra para os dramas de procedimento, com boas histórias e bom elenco.

– Não se pode dizer o mesmo de “House”, que ultimamente só bate ponto.

– “Damages” ressuscitou depois de ser cancelada pelo FX, e ganhará duas novas temporadas na DirecTV. A terceira não foi sensacional, mas ainda assim é digna de atenção.

– “Friday Night Lights”, também produzida pela DirecTV, chegou ao seu quinto ano com a mesma qualidade do início.

– Salvo episódios atípicos como o eletrizante final de temporada, “Grey’s Anatomy” tem dado umas topadas por aí.

– A sétima temporada de “Desperate Housewives”, cujas tramas remetem ao excelente primeiro ano da série, tem superado as expectativas.

– “Gossip Girl” voltou a ser bom – “bom” para o que a série costumava ser em sua melhor forma.

– Perdi gradualmente o interesse por “Glee”. Se antes me empolgava quando Lea Michele abria a boca para cantar, agora reviro os olhos com impaciência.

– Entrementes, a despretensiosa “Greek”, do ABC Family, é sempre uma alegria, igualmente divertida e tocante.

– O final relativamente prematuro de “Ugly Betty” foi triste de ver.

– Já “The New Adventures of Old Christine” terminou e ninguém percebeu.

– “The Big Bang Theory” não faz rir como antigamente, mas Jim Parsons continua inspirado como o neurótico Sheldon.

– “How I Met Your Mother” às vezes erra, às vezes acerta. Quando tudo funciona, é uma das comédias mais engraçadas e emocionantes da TV.

– Betty White empregou todo o amor e prestígio na sitcom “Hot in Cleveland”, que parece uma comédia dos anos 80 ambientada em pleno século 21.

– Pouca gente assiste a “Party Down”, mas essa comédia adulta é das melhores no ar.

– Por falar em comédia adulta, desisti de “Hung” logo no início da segunda temporada.

– “Entourage”, por sua vez, melhorou bastante em relação à temporada anterior.

– As estreias “Caprica” (spin-off da amada “Battlestar Galactica”) e “Parenthood” não emplacaram no meu HD.

– O afastamento do criador prejudicou “Supernatural”, que já não empolga como antes.

– Quando finalmente chegou ao fim, poucos espectadores ainda insistiam em “Nip/Tuck”, que passou de uma das melhores séries da TV (posto que defendeu bravamente nas três primeiras temporadas) para um freak show.

– No comecinho do ano, “Dollhouse”, criada pelo mestre Joss Whedon, teve de apressar a trama para encerrá-la a tempo do cancelamento precoce.

– Encantei-me com duas séries inglesas – “Misfits”, uma mistura irresistível de “Skins” e “Heroes”, e a icônica “Doctor Who”, sobre um alienígena que viaja no tempo.

Acho que mencionei de tudo um pouco. Não?

Categorias:Uncategorized