Fatt Damon
O pôster de “O Desinformante” alardeia que o filme tem o mesmo diretor da franquia “Onze Homens e Um Segredo”, mas o público que for esperando algo semelhante vai cair do cavalo. Seria mais oportuno divulgar como um fruto do diretor de “Che” ou de “Confissões de Uma Garota de Programa”, porque esta comédia satírica com Matt Damon tem mais a ver com os projetos anti-comerciais de Steve Soderbergh do que com seus caça-níqueis.
Não é sofisticada ou elegante, tampouco divertida, desfrutável ou casual. É uma trama de espionagem sem-graça e indulgente, onde as conspirações importam menos do que o personagem principal – e se a maioria dos filmes mereceria elogios por priorizar o desenvolvimento do protagonista, este continua na desvantagem, pois o tal é tão chato quanto a investigação que o rodeia. É um safado que não vale o sal da janta, um mentiroso compulsivo, talvez bipolar, que cria tantas desculpas e justificativas que ninguém mais sabe aonde descansa a verdade. Ou seja, um sujeito perfeitamente verossímil, iguais ao qual conhecemos baldes. Mas não um tipo que me desperte o interesse em ver destrinchado (aparentemente não sou o único a ter essa opinião – na sala onde eu estava, pelo menos três pessoas abandonaram antes do término da sessão). Já chega de salafrário na vida real!
Ironicamente é baseado em fatos, ainda que um letreiro ao início informe que muito foi modificado para fins fictícios. Talvez os empresários tenham maior identificação, porque conhecem a fundo o ambiente em que o anti-heroi Mark Whitacre atua: uma firma de grande porte, cheia de roubos, tramóias e acordos ilegais. Para comprometer os chefes e chegar ao cargo máximo do lugar ele passa a trabalhar como informante do FBI, gravando conversas em áudio ou vídeo por anos a fio. Mas guarda segredos de ambos os lados; sua lealdade é apenas aos seus interesses e a verdade é maleável.
Matt Damon foi automaticamente cogitado a receber uma indicação ao Oscar pelo papel, em especial porque ganhou peso. Não é pra tanto. Poucos se dão conta de que engordar ou emagrecer pela arte é um ato de pura vaidade, e não da falta dela. Ultimamente, é um artifício mequetrefe para ser notado pela Academia, independente da atuação corresponder ao sacrifício ou não. No caso de Damon, é apenas um esforço bem intencionado, com resultado simpático. Uma simpatia que não lhe renderá maior reconhecimento (quem sabe pelo próximo filme de Clint Eastwood ele não tenha melhor sorte?), e que não basta para tornar “O Desinformante” mais tolerável.
.:. O Desinformante (The Informant!, 2009, dirigido por Steve Soderbergh). Cotação: C-
Prefiro o Matt nos “Ocean’s”. (embora o personagem dele seja atrapalhadíssimo, mas é divertido e simpático)
De fato eu não tinha vontade de ver, agora tenho menos ainda..
Adoro suas críticas..
É formado em que? Trabalha nisso?
Beijos
Jecik, acho Damon um ator sólido, e só. Meus trabalhos favoritos dele estão em Gênio Indomável e O Talentoso Ripley!
Rafinha, não está perdendo grande coisa! Agradeço pelo elogio, fico feliz em saber que está gostando do blog! 😉 E na verdade nem sou formado. Ainda sou novinho haha. Beijo!
nossa, eu estava muito ansioso para esse filme, e agora esse balde d’água. Quando eu assitir eu venho aqui falar se achei a mesma coisa que você ou não.
Verei amanhã.
Eai Louis, quem sabe dessa vez agente realmente não se tromba na Mostra de Sampa.
Verei, A Procura de Eric & Aconteceu em Woodstock!
ABRAÇO!
Luis, vou esperar pela sua opinião! o/
Cleber, espero que goste. E quem sabe não nos cruzamos na Mostra? Woodstock é um que certamente verei!!! 🙂 Abraço.
Eu tenho um pouco de ‘medo’ desse filme porque eu não gosto muito das obras irônicas dos irmãos Coen e eu tenho quase certeza de que o Soderbergh quis fazer algo parecido nessa obra. De qualquer maneira, tenho curiosidade em conferir “O Desinformante” porque gosto do Matt Damon e acredito que ele deva estra bem nesse filme. Beijos!
Ka, falou bem. Dá pra sentir uma zoação típica dos Coen em cima do americano comum, mas não tão bem feita quanto os irmãos conseguem fazer. E Damon está bem, mas apenas isso. Beijo!!
Eu gostei do filme. Lógico que não seria um A, segundo sua classificação, mas achei que o filme não é de espionagem, mas sim sobre um personagem super complexo que vai entrando num redemoinho que o leva à ruína. Também é uma boa tiração de sarro das grandes corporações, porque um cara tão tonto como esse consegue roubar milhões. A música é ótima porque ela consegue dar aquele tom anos 70 kitsch que o diretor quer e consegue também com uma fotografia de primeiríssima.
Lucy, foi o que eu disse, tem uma trama de espionagem mas o personagem principal é priorizado. Só que não achei nenhum dos dois interessantes ou suficientemente explorados para fazer o filme valer a pena!