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O Amor Acontece

Vou te contar, eu me meto em cada furada tentando ver de tudo um pouco… Sabe como é, preciso manter este blog atualizado e a lista de Filmes 2010 o mais extensa possível, para dar ao leitor um parecer sobre o máximo de estreias da semana que conseguir (leia-se: para todo mundo comentar “nossa, quantos filmes esse menino vê!”). Não fosse por isso, eu jamais veria coisas do porte de “High School Musical – O Desafio”, “Alvin e os Esquilos 2”, ou mesmo essa nova comédia romântica que está chegando aos nossos cinemas, “O Amor Acontece”, protagonizada por Aaron Eckhart e Jennifer Aniston.

Então. Trash. Eckhart é um cara que perdeu a esposa num acidente de carro, escreveu um livro sobre como superar a morte de um ente querido (embora fique muito claro que ele ainda não lidou com todos seus problemas interiores), e ficou megafamoso e rico. Aí vai dar uma palestra em Seattle, a cidade onde o trágico acidente aconteceu, e para onde não voltava desde então. E o super programa dele para vencer o luto é simplesmente a coisa mais piegas e cafona de que se tem notícia – se resume a ele entrar numa sala lotada e falar chavões motivacionais em forma de metáforas (do tipo: “Seu filhinho morreu? Tente reconstruir sua vida tijolo à tijolo!”). Sério, como eles esperam que a gente acredite que esse homem tenha feito tanto sucesso? Fico inconformado com essas bobagens (e parece que o público, mesmo o que costuma se render a esses blefes, também está ficando exigente, visto que este aqui fracassou nas bilheterias americanas e tampouco deve surpreender por aqui).

Enfim, ele acaba reencontrando o sogro (Martin Sheen), que se ressente pelo genro ter perdido contato depois do acidente. Mas vai conhecer, ainda, uma mulher igualmente machucada (Aniston), que foi traída tantas vezes pelo ex-namorado que está prestes a jogar a toalha. Os dois se esbarram no hotel (ela é florista e faz arranjos para o lugar; também tem o hobby de escrever palavras desconhecidas por trás dos quadros, coisa que só aconteceria mesmo em filme, por mais infantilizados que sejam os americanos) e vivem pequenos momentos de romantismo. Aliás, o roteiro, co-escrito pelo diretor Brandon Camp, aposta pesado no gênero, com pinceladas dramáticas. As investidas cômicas estão lá, mas cabem tão mal nos momentos em que são empregadas que não revitalizam o filme: só ajudam a afundá-lo ainda mais. Para vocês terem uma ideia, há piadas ridículas numa sessão de compartilhar o luto, onde uma gordinha diz que tirou um molde do pênis do marido falecido para continuar a se satisfazer, e uma velhinha conta que transformou as cinzas do cônjuge em biscoitos! Além disso, temos a paciência testada pelo abarrotamento de clichês, em que se inclui um dos mais irritantes: alguém que começa a aplaudir sozinho e bem devagarzinho, até que a sala inteira comece a aplaudir também, com entusiamo crescente. Socorro!

É uma pena que o material sabote as próprias oportunidades que oferece, porque os atores não são maus. Aaron é bonito, consistente, com potencial para se tornar astro se parar de perder tempo com trivialidades; Jennifer é simpática, fotografa bem e tem capacidade para arrebatar se deixar de fazer sempre variações de uma mesma personagem. Juntos, os dois quase fazem valer a pena uma fita que falha em todos os demais aspectos. Dá para sentir que eles estão ali com a melhor das intenções – infelizmente, não podemos dizer o mesmo.

.:. O Amor Acontece (Love Happens, 2009, dirigido por Brandon Camp). Cotação: D+

Categorias:Cinema
  1. markhewes
    9 março 2010 às 10:16 pm

    Essa é uma das coisas que faz o seu blog ser o melhor pra mim, aqui eu fico por dentro do que posso assistir e do que posso passar longe. Enquanto isso eu sou privilegiado e você sacrificado, hahahaha. Engraçadinho que eu to, não? huashuashusahuas

  2. 9 março 2010 às 11:51 pm

    Ao contrário de você, não achei tão ruim. O filme é triste, sensível e mais sério que a maioria das comédias românticas.

    • 10 março 2010 às 12:36 am

      Mark, isso mesmo, tripudia! huahuahua… Mas acho que tinha um elogio aí pra mim em algum lugar, então obrigado! 🙂

      Jô, o filme é sim mais sério do que mt comédia romântica, mas isso porque é mais focado no segundo gênero e no drama! Quando parte pra comédia mesmo, é deplorável nas investidas, como nas cenas que mencionei acima. E os personagens em si não tem substância alguma. Mas respeito seu ponto de vista.

  3. markhewes
    10 março 2010 às 1:05 am

    Disponha meu querido, huahusauas.

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