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Eu leio os Diários da Princesa!

Sempre que eu comento com alguém que abandonei a leitura de “Crepúsculo” nas primeiras páginas, ouço comentários do tipo: “Mas é claro, esse livro é de menina!”. Tentam justificar a falta de talento da escritora Stephanie Meyer pelo fato da sua série de sucesso ser narrada por uma garota adolescente – ou seja, a escrita amadora estaria dentro do limite intelectual da protagonista da história. A essa desculpa, retruco: “O Diário da Princesa é livro de menina, a autora Meg Cabot escreve se passando por uma adolescente, e ainda assim eu adoro.” Conclusão: um livro pode se propor a contar a mais singela das histórias, e se voltar para um público tido como fútil ou, no mínimo, pouco exigente. Desde que seja bem feitinho, escrito com desvelo e carinho, nada impedirá o envolvimento de leitores de fora do seu nicho.

É essa sensação muito especial que eu tenho sempre que pego para ler um dos diários da Princesa Mia. Ainda que não vá revolucionar a literatura ou ganhar algum prêmio escandinavo de prestígio, a série “O Diário da Princesa” é uma delícia de ler (“guilty pleasure”, como chamam os americanos). O primeiro volume virou um best-seller por conta própria, mas só fui descobri-lo depois que deu origem ao filme da Disney, com Anne Hathaway e Julie Andrews (a continuação cinematográfica caminhou com as próprias pernas, avançando no tempo e se afastando dos caminhos propostos por Cabot). As dez partes da série literária, escritas na forma de um diário autêntico (como fez Helen Fielding com Bridget Jones), começam e terminam com a heroína ainda no colegial, vivendo em Nova Iorque no loft da mãe.

Mia Thermopolis é uma garota qualquer – tímida, introspectiva e ocasionalmente desastrada, com preocupações triviais que incluem a falta de seios, as provas de Álgebra e a paixonite pelo irmão da melhor amiga. Ao descobrir que seu pai é nobre e que ela é, por direito, a herdeira do trono de um pequeno (e fictício) país europeu, essas inseguranças não desaparecem. Pelo contrário: adicionam-se à sua rotina aulas de etiqueta com a avó – uma Rainha imponente e antipática -, e viagens ocasionais ao palácio da família. (Nota: o pai de Mia, que no filme foi dado como falecido, está presente nos livros.) Todas essas desventuras são anotadas pela garota no diário que ganhou da mãe – e com um senso de humor surpreendentemente impecável. Cabot, muito provavelmente resgatando os seus próprios anseios juvenis, conhece a fundo a sua protagonista, e não comete o erro de torná-la irritante (mesmo quando Mia age com imaturidade, a compreendemos e torcemos por ela).

Apesar de resultarem numa história bastante americana – já que os jovens tem hábitos distantes dos nossos, como a planilha de aulas, o sistema de admissão nas faculdades e os passeios no Central Park -, os livros tem um apelo universal, e as citações do atemporal “A Princesinha”, de Frances Hodgson Burnett, no início de cada volume reforçam este valor. O mais bacana é que o clássico de Burnett afirma que todas as garotas são princesas, inclusive as que vivem nas mais paupérrimas condições. Tudo o que precisam fazer é se sentir como tal. Meg Cabot não nega essa lição – só acrescenta que ser princesa de verdade dá um trabalhão, e que as legítimas realezas experimentam dos mesmos conflitos que nós, pobres súditos. Uma graça!

Categorias:Literatura
  1. 22 novembro 2009 às 1:02 pm

    Adoro os diários. Nunca consegui terminar a serie por tempo (ou falta dele), mas acho muito bons.
    =*

  2. 22 novembro 2009 às 1:45 pm

    eu nunca li os diários e nunca li crepúsculo (também não vi os filmes).
    eu acabo adquirindo preconceitos e acabo repetindo coisas que outras pessoas falam, e acho que isso é o que, infelizmente, ‘regulamenta’ as críticas pra certos tipos de literaturas. meu desinteresse por crepúsculo tem mais a ver com minha falta de curiosidade com vampiros em geral; eu não sou chegada nessa mitologia, sabe, então eu nem vou atrás de livros/filmes/séries com a temática. mas eu conheço litros de pessoas que não vão ler porque o livro ‘é ruim, não é literatura, é uma bosta’. e eu acho essa postura meio pobreta…
    meu paralelo é Paulo Coelho, de quem eu sempre fui defensora, com a consciência da bela porcaria que são seus livros: não adianta se apropriar de críticas e comentários dos outros, porque um dia vc vai lá fuçar nessas coisas e acaba até gostando. ou não necessariamente gostando, mas vendo que as críticas não são suas.
    Paulo Coelho, pra mim, é um lixo horrível, mal escrito, irrelevante. mas quando eu tinha 13 anos, devorei Brida em dois minutos, e sei que se hj eu precisar muito ler um troço qualquer no banheiro ou antes de dormir, eu posso pegar esse livro e ler rapidamente sem nenhuma perda de neurônio, ou sem nenhum risco de desviar meu caráter… e não dá pra considerar irrelevante um cara que vende até na estônia.

    (ok, tenho meu blog e posso escrever tudo isso lá, sem pegar tanto espaço no seu, sendo tão prolixa assim, hahaha) mas é que eu odeio um pouco essa postura intelectualizada de achar que livros (principalmente, mas serve pra cinema tb) que se tornam populares e conseguem quebrar recordes de vendas são lixos por princípio, mal escritos ou etc. passei por isso com Harry Potter e quebrei minha cara!
    enfim. ainda sou da postura que se estão lendo, só isso já é muito bom.
    (mas eu, preconceituosa que sou, nem vou atrás dos crepúsculos da vida, heh).

    e sobre o assunto mesmo do seu post, nada disse. maravilha de comentário, hein! pode me bloquear. 😉

  3. 22 novembro 2009 às 1:46 pm

    gente, olha o tamanho que ficou esse comentário. cruzes!

    • 22 novembro 2009 às 4:20 pm

      Jecik, de acordo!! 🙂

      Quéroul, ficou grande mas super válido! Concordo contigo, apesar de não conseguir achar os livros do Paulo Coelho legais. Entendo o apelo que eles tem! Muitos livros escritos sem pretensão nenhuma acabaram se provando as leituras mais deliciosas que já fez na vida! A série O Diário da Princesa é um exemplo.

  4. 22 novembro 2009 às 8:50 pm

    Eu nunca li esses livros, mas adoro os filmes! 🙂

    Beijo!

  5. 22 novembro 2009 às 10:19 pm

    Crepusculo é detestavel, tanto filme quanto os péssimos livros. E se escuta cada desculpa né!

  6. 22 novembro 2009 às 10:46 pm

    Só li o primeiro Diário da Princesa, ainda na escola, achei muito bobinho e não li mais os outros. Agora estou numa fase Charles Dickes, depois de ler Oliver Twist agora tô lendo Little Dorrit.

    E Crepúsculo é muito ruim, mesmo, tipo, consigo pular da página 100 pra 200 e não perco nada!!!

  7. 22 novembro 2009 às 10:46 pm

    Charles Dickens, aliás…

    • 23 novembro 2009 às 10:04 am

      Ka, adorei o primeiro filme, mas não gostei do segundo! Beijo.

      Cleber, pois é!!!

      L. Vinícius, da primeira vez que eu li O Diário da Princesa estranhei bastante, pq era mt diferente do filme da Disney. Mas acabei percebendo que as opções da Meg Cabot foram muito melhores, e que apesar de bobinho e descartável, o livro era uma das leituras mais deliciosas que já fiz! Concordo, no entanto, com a sua opinião de Crepúsculo, e adoro Charles Dickens – um autor inatacável com obras atemporais.

  8. lelacastello
    29 novembro 2009 às 5:34 pm

    Você sabe meus sentimentos em relação à essa série. Vou te ligar amanhã e te levar os outros 5 livros que faltam pra você ler !

    • 30 novembro 2009 às 7:42 am

      Ai, vc me faz esse favor??? Daí trocamos figurinha, te empresto o DVD das Golden Girls! 🙂

  9. mariana
    8 dezembro 2009 às 5:05 am

    qualquer livro da meg cabot se você começar a ler nao apra, o diario da princesa é uma das séries mais queridas que já li.

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